Os Quatro Cantos do Império

Para os amantes da História de Portugal, ler Os Quatro Cantos do Império de André Canhoto Costa é uma das melhores formas de mergulhar no passado triunfalista português. Não há senão. Da primeira à última página, acompanha-se a viagem de um anónimo algarvio, que descobre os mundos que Vasco da Gama descobriu. A trama enreda-se na ternurenta relação de um cão com um homem e na deliciosa metamorfose de um pastor. De rapaz simples e humilde, habituado apenas às lides da terra e às vicissitudes de um amor platónico, Lopo, (o protagonista), transforma-se no herói que a dada altura todos desejamos ser. 

“Esta é a história de um cão e do pastor que visitou os quatro cantos do império português para o encontrar.” Nós dizemos mais: Esta é a história de uma história improvável, um rol de proezas de quem nunca quis ser herói, mas acabou por sê-lo. E é também a história de uma época que luz no passado português e que cada um de nós, evoca com saudosismo ainda que não a tenhamos vivido directamente. 

Imagine-se a vitoriosa armada de Gama, imaginem-se as rotas comerciais, a aspereza do mar revolto, as tempestades do Bojador, a crueza da realidade que em momento algum da história favoreceu os mais pobres. Imaginem-se árabes e cristãos reclamando para o seu Deus a supremacia absolutas, (não mudámos afinal, nada). Mas imagine-se também isto que o autor imaginou: O Amor é afinal a única coisa capaz de nos manter vivos e é também o motor que nos coloca em movimento. Não fosse por amor, jamais se daria um passo. Fosse ele em direcção à paz ou à guerra. Poderíamos dar-lhe outro nome. Poderíamos chamar-lhe aventura em vez de amor. Ia dar ao mesmo.




“É preciso esperar pelo adormecimento da tripulação, fecharem-se os olhos cansados das boas vistas, os nervos ainda pulsam com as sensações amorosas, a pele fresca das águas, o macio dos seios e a limpeza das partes. Não se sabe quanto tempo passou, o sono parece assombra-lo pela novidade deste mundo.” 

In “Os Quatro Cantos do Império” de André Canhoto Costa







Resumindo e baralhando: Fechamos este livro com a sensação de que ficamos fãs de André Canhoto Costa. Recomendamos, claro!


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(Exemplar gentilmente cedido pela Editora Saída de Emergência.)

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