Resenha / Opinião
Toma Conta de Mim- Jorge Madureira
Dos encontros e desencontros…
Se a vida suplanta tantas vezes a ficção, outras tantas encaixa na perfeição nas histórias que encontramos nos livros.
"Toma Conta de Mim", de Jorge Madureira é um desenrolar de emoções que só acabam na última página.Duas irmãs, dois amigos e quatro vidas que se cruzam.
Com estes ingredientes podem escrever-se muitas coisas. Pode-se falar de amores proibidos e gravidezes não desejadas. Pode-se relatar as angústias que norteiam a vida dos adolescentes, filhos de pais arbitrários e manipuladores. Pode-se falar de amores não correspondidos, casamentos por conveniência, segredos inconfessáveis, doenças que mudam os rumos à vida… e por fim, a morte de quem mais amamos.
O que não se pode dizer é que não há amores que vivem para sempre, amores que são a nossa companhia, quando já não está quem amamos.
Em suma, este “Toma Conta de Mim” puxa-nos a lágrima. Comove-nos e relembra-nos que esta coisa de amar é sempre um salto em queda livre.
Na narrativa de Jorge Madureira, este salto é dado ao longo de 331 páginas e em cada uma delas, sentimos a vertigem da descida.
As vidas de Margarida, Pedro, Leonor, Gonçalo, Carlos e Isabel são aqui descritas de uma forma simples, sem retirar complexidade à trama. Exactamente como a vida. Como as nossas vidas. Complexas e intrincadas quando vividas. Tão simples quando contadas.
Ao Jorge Madureira os meus parabéns. Venham mais, Jorge. Há leitores à espera!
O Erro de Deus- Carlos Queiros
Haverá de ficar na história que a humanidade, um dia, antes de se transformar em máquinas obedientes à pura lógica e razão das regras da física e de outras propriedades consideradas nas divinas equações matemáticas, tinha na sua natureza, o cérebro com as capacidades de amar, sorrir, chorar, abraçar, cuidar, mimar, sonhar…(…)
Parto deste breve excerto. Não sei bem para onde. Logo que li o prólogo percebi que tinha em mãos uma pérola. Um triller que mescla na perfeição o Fantástico e a Ficção Científica. “ O Erro de Deus” é um livro intenso, complexo, muito bem escrito, com refinado suspense que nos obriga a uma grande dose de paragens respiratórias. (Parece perigoso, mas não é. Lembram-se daquela frase que diz que a vida deve medir-se pelo tempo em que nos corta a respiração? Esta medida serve também para os bons livros.)
Já li no género o que alguns autores estrangeiros escreveram, e este é, o primeiro a que tiro o chapéu vindo de um autor português. Carlos Queirós foi uma feliz descoberta, disso não tenho dúvidas.
O que eu aprecio realmente num livro é a Evasão e paradoxalmente a invasão. Gosto de uma leitura que me invade ao ponto de me arrancar do sofá para me levar para dentro da história. Saber que abrir a página onde tinha pendurado a narrativa me leva imediatamente para a orla do Zêzere ou o Palácio dos Cisnes agiganta-me a vontade de o fazer. Se o objectivo de qualquer livro é seduzir o leitor para se perder nas suas folhas, o de “ O Erro de Deus” está cumpridíssimo!
Acredito que entendi nas entrelinhas a mensagem do autor. Que a humanidade ao defrontar-se diariamente com a crescente incapacidade de amar, e com uma evolução tecnológica deveras acelerada, não se perca de si própria e seja capaz de a curto prazo restabelecer as características únicas que a distanciam de outros seres. As emoções que nos fazem fracos são sem sombra de dúvida, a nossa maior fortaleza.
Muito obrigada, Carlos Queirós.
Nesta coisa de dar umas quantas estrelas àquilo de que realmente se gosta, esqueci-me de lhe dar as que, na minha opinião, merece. 10. Dou-lhe 10 estrelas, se o máximo de estrelas a dar não ultrapassar a dezena. É mais fácil dizer que lhe dou nota máxima.
P.S. (Faz sentido que os grandes grupos editoriais comprem tanto lixo estrangeiro e encham com ele as nossas livrarias, quando votam à ignorância tantos bons autores portugueses? Para mim não faz.)
Um Momento Meu - Paulo Caiado
"Os homens terão neste livro um efeito "espelho" e ver-se-ão eles próprios a braços com as suas dúvidas, os seus dilemas, "fórmulas" e formas...de estar e de sentir. Perceberão aqui os seus próprios rolos e "desenrolos" e acredito, que chegarão à ultima página (especialmente os que têm mais de 40 Verões),com a sensação de que o seu quotidiano está ali escarrapachado ao longo de 400 páginas. Porque afinal, existe mesmo um mundo masculino, (onde mulher não entra), e onde todos os da espécie se revêem, mesmo que com as devidas diferenças.
Para as mulheres este é um livro Bíblia. É quase um "Codex". É como rever o filme "Enigma", recostadas no sofá enquanto tomamos apontamentos mentais sobre os segredos do comportamento masculino, (que nos serão úteis em aventuras actuais e/ou futuras). Coisas que nós mulheres, sempre quisemos saber e não sabíamos, porque não raramente desistimos perante a difícil tarefa que é percorrer as autoestradas do pensamento masculino.
Nunca vos aconteceu lerem uma obra de um autor desconhecido, estreante nesta lides literárias, e darem convosco a pensar: " Caramba, porque é que não há mais livros assim?"
Assim? Assim como?
Nós, mulheres, somos de facto labirinticas. Eles mais lineares e escorreitos, mas...adoram fazer o Paris-Dakar e atravessam savanas e desertos, vão também aos lugares mais inóspitos da mente, e para nós, o que motiva as suas atitudes está muitas vezes escondido atrás de nevoeiros densos.Também não os conseguimos perceber...muitas vezes, nem quando são demasiado previsíveis e/ou pouco criativos.
Em suma, este "Momento Meu" é um retrato fiel de muitas coisas. Sobretudo das relações que construímos e das muitas formas de as construirmos. Mas acima de tudo, o que torna este livro mesmo surpreendente é que ele nos vem mostrar que afinal nem as mulheres são de Vénus nem os homens são de Marte.
Somos todos afinal daqui da Terra, somos, com as nossas diferenças, afinal iguais em tantas coisas. Mais iguais do que julgamos."
A Guardiã - O Livro de Jade do Céu
Ana Cristina Pinto
A opinião do blog literário Marcas de Leitura sobre o livro A Guardiã- O Livro de Jade do Céu de Ana Cristina Pinto.
"Esta é a história de Luana (Eluaryne) uma arqueóloga que trabalha em Lisboa e vive em Óbidos, tinha sonhos estranhos e inquietantes desde muito nova, que por um lado a faziam ficar feliz e sentir paz e por outro sofrimento e receava o que viria a seguir. Luana tinha por hábito coleccionar placas de jade, desde que a avó lhe dera a primeira.
Luana conheceu Michel no Instituto de Arqueologia da Universidade Nova de Lisboa e assim que as mãos deles se encontraram ela sentiu um arrepio intenso percorrer-lhe o corpo.
Michel era um homem irresistivelmente charmoso e sedutor, completamente diferente do louco que ela imaginava. Michel é um conhecedor da vida e do além, e descobriria Luana em qualquer parte do universo.
A história apresenta-nos um triângulo amoroso vivido entre Luana, Gabriel e Michel, três personagens que vivem há milhentos anos.
Porque seria que Gabriel adivinhava os pensamentos de “Luz”?
Uma história bem conseguida com suspense, mistério, romance e acção que nos transporta para o outro lado da fantasia.
A imaginação, os sonhos e as visões, serão realidade ou pura ficção?
A Ana Cristina está de parabéns porque alcançou o objectivo a que se propôs.
“Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem.”
“ A realidade não é apenas o que se vê à superfície, tem também uma dimensão mágica.”
“Abre os braços para as mudanças, mas não abras mão dos teus valores.”
“A alma pode vaguear sem rumo, se tiver a luz de Deus para lhe guiar os passos.”
Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é perceber que tudo é um milagre.”
Uma narrativa apaixonante que nos aprisiona desde o primeiro instante e que liga religião, história, geografia e arqueologia. São ciências humanas dedicadas a desvendar as ligações que definem a humanidade e o espaço.
A autora é possuidora de uma escrita impecável, criativa, clara, directa, estimulante, fluída e cria personagens que nos marcam pela sua beleza, às quais nos afeiçoamos desde logo.
A leitura é viciante, envolvente, emotiva e devoram-se páginas atrás de páginas.
Um livro de leitura fácil que nos conduz por lugares inimagináveis em que somos aprisionados no mundo da fantasia versus realidade. Dei por mim a viver os cenários que a autora nos apresenta. Nota-se que teve de fazer muitas pesquisas para este livro, um trabalho cuidado sobre os temas em que se debruçou.
A Ana Cristina está de parabéns porque alcançou o objectivo a que se propôs.
Recomendo vivamente a leitura deste livro porque acredito que não se vão arrepender, a magia envolvente nas palavras e frases fazem-nos surpreender de contentamento.
Realço a originalidade do enredo, a descrição dos locais onde a história se desenrola e a maneira como constrói a evolução dos personagens."
(Miguel Esteves Cardoso)
“ A realidade não é apenas o que se vê à superfície, tem também uma dimensão mágica.”
(Isabel Allende)
"Há pensamentos que são verdadeiras orações. Em alguns momentos, seja qual for a postura do corpo,alma está de joelhos"
(Victor Hugo)
(Dalai Lama)
(Napoleão Bonaparte)
(Albert Einstein)
Marcas de Leitura
Sonhos Roubados - Pedro Santos Vaz
Nunca vos aconteceu lerem uma obra de um autor desconhecido, estreante nesta lides literárias, e darem convosco a pensar: " Caramba, porque é que não há mais livros assim?"
Assim? Assim como?
Assim, despretensiosos e envolventes. Daqueles que começamos a ler sem as expectativas em alta, mas depois quando percebemos já fomos apanhados, enredados pelo texto, a intensidade daescrita, o desenrolar da história. Com livros destes, ao fim de meia dúzia de páginas já só queremos saber o que vai acontecer aos personagens, (neste caso ao personagem), como é que vai ser o dia seguinte, se a sua sorte vai mudar ou não, que rumo é que ele vai seguir até à última página. E se é justo. Sim, se é justo que o autor não lhe tenha dado outro caminho, outra vida que em tantos momentos se parece tanto com a nossa. Se é normal que aqueles pensamentos estejam ali naquelas páginas quando estiveram tantas vezes na nossa cabeça.
Efectivamente, eu gosto de ler livros assim. Pouco me importa se o autor é um best seller ou tem a apoiá-lo nas manobras de marketing uma grande editora. Importa apenas que o meu coração seja tocado e que,em muitos momentos do meu dia, quando estou ao serviço das minhas obrigações quotidianas, me apeteça interromper tudo e voltar para ele. Para o livro. Para saber só mais um bocadinho. Para saber tudo.
Fica aqui o convite para que desfrutem de uma história igual a tantas outras que conhecemos e que não vêm nos livros. Histórias tocantes de gente que tinha (tem) tanto para dar mas está impedido de o fazer. Porque lhe negam o direito à dignidade, o direito à vida e ao sonho.
Sonhos Roubados é uma história simples, despretensiosa e belíssima. Uma história que assume contornos diaristas, muitíssimo bem escrito por Pedro Santos Vaz, um autor que merecia ter o apoio de uma grande Editora nas manobras de marketing.
Leiam. Não se vão arrepender.
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