"A sociedade civil precisa de um abanão e a Mãe Natureza de tempos a tempos dá-o."
Chama-se Tânia Duarte, nasceu no dia de solstício de Inverno, em 1987, na cidade mais alta de Portugal. O gosto pela leitura e pela escrita ganhou-o assim que aprendeu a juntar as letras e o interesse pelas interpretações metafísicas da vida e do mundo veio na adolescência, altura em que começou a autodescobrir-se e a autotrabalhar-se. É otimista por natureza e positivista por opção. Colabora com projetos ambientais, políticos e de solidariedade social. É feliz.
A sua primeira obra literária surge da sua necessidade de passar uma valiosa mensagem em prol do planeta e da sua preservação. A Mulher Que Apanhava Lixo que é dada à estampa pelas Edições Mahatma é uma história que pretende mudar mentalidades e levar à acção naquela que deve constituir a nossa principal missão na vida: Proteger a natureza pois é dela que dependemos para viver.
O lançamento da Mulher Que Apanhava Lixo vai decorrer já no próximo sábado, 8 de dezembro pelas 16horas na Casa do Concelho de Gouveia ( perto do Marquês de Pombal) em Lisboa e a Bee Dynamic Books aproveitou para falar com a autora para tentar perceber quais são as suas motivações para se dedicar à escrita de um conto que coloca a natureza enquanto principal protagonista.
Quem é a Tânia Duarte?
É uma cidadã empenhada em impactar positivamente o mundo, e que acredita que todos nós, de alguma forma, o podemos fazer. O que eu faço não tem de ser o mesmo que outra pessoa faz, mas não vou deixar de o fazer por achar que é uma gota no oceano.
Despertou primeiro para a escrita ou para as questões ambientais?
A escrita esteve sempre presente como hobby desde que aprendi a ler e a escrever. É curioso verificar como o estilo de escrita vai-se alterando consoante as fases da vida!
As preocupações ambientais também começaram a surgir na escola primária, com os livros de educação ambiental que nos eram disponibilizados. Cresci numa aldeia em que o primeiro ecoponto só surgiu no início deste século e para mim foi o delírio! J Aos 13 anos, finalmente podia fazer algo que já ansiava há anos! No ano 2010 começaram a surgir os primeiros movimentos cívicos de recolha de lixo nas florestas e nas praias e eu comecei a participar em eventos. Depois vieram as iniciativas de plantação de árvores e eu aderi a várias. A par disso procuro informar-me de como posso minimizar a minha pegada ecológica no meu dia-a-dia. Sei que é utópico não ter qualquer impacto no meio ambiente face às exigências da civilização, mas tento minimizar esse efeito. E sempre que há abertura por parte dos outros, tento sensibilizá-los para vivermos mais e melhor com menos recursos.
Podia ter escrito outra história, no entanto escolheu escrever sobre um tema que nos toca a todos e que diz respeito à preservação da nossa casa comum, o planeta Terra. Acha que um livro pode fazer a diferença na forma como encaramos o problema?
O livro “A mulher que apanhava lixo” é o meu pequeno contributo para com todos os projetos ambientais que há por esse mundo fora. Podia ter escrito um livro com 100 páginas e transmitir na mesma a mensagem, mas face à falta de tempo que a maioria das pessoas tem, pensei em publicar um livro de 20 páginas, que possa ser lido com facilidade, e espero que alguma coisa faça sentido a quem o lê. O livro tem várias mensagens mas se me perguntarem qual delas destaco, claramente que é a necessidade de pararmos e refletirmos no que podemos fazer em prol do nosso planeta. O quê, quando e onde, ficará ao critério de cada um.
Na sua opinião, por que é que ainda somos tão passivos em relação à preservação do meio ambiente?
Há 30 anos, os ambientalistas falavam de alterações climáticas e as pessoas achavam-nos loucos. Hoje em dia, estamos a viver os efeitos delas. Em Portugal começamos agora a vivenciar fenómenos naturais que até há pouco tempo só víamos acontecer noutras partes do mundo: secas extremas, vagas de calor, incêndios de proporções dantescas, furacões, chuvas torrenciais, etc.. Enquanto sociedade, só quando começamos a sentir na pele as consequências dos nossos atos é que começamos a refletir no que fizemos de errado. Acredito que há um antes e um depois de 2017. Vejo que aos poucos, as pessoas começam a preocupar-se com a preservação do meio ambiente e a terem atitudes mais complacentes com a natureza.
O que pensa da informação que existe? Ela vai surtindo algum efeito ou não?
Há um ditado que se aplica na perfeição: “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Começa-se a ver alguns resultados positivos das campanhas, eventos e iniciativas para a reciclagem, a redução do uso de plástico, a recolha de lixo nas praias, a alteração de hábitos de consumo, mas ainda há muito trabalho a fazer, é preciso insistir.
Continua a sentir-se que é mais fácil levar a que os mais jovens passem à prática. O que é que, na sua opinião, falta fazer para que também os adultos se consciencializem de que é realmente preciso atuar?
A sociedade civil precisa de um abanão e a Mãe Natureza de tempos a tempos dá-o. Se não fazemos algo proactivamente, então a vida encarregar-se-á de fazer chegar até nós uma experiência, de forma a fazermos o que é preciso. Infelizmente, os incêndios do ano passado foram um mal necessário para despertarmos para a necessidade urgente de cuidarmos e preservarmos a nossa floresta. Até então, ela era vista como um bem adquirido, era algo que ocasionalmente era falado e logo era esquecido, poucos a viam como um recurso valioso a preservar. Nascemos e crescemos com a certeza de que, se ela sempre esteve ali tinha de continuar mesmo que não fizéssemos nada em prol dela. Os incêndios vieram questionar essa garantia que tínhamos.
A Mulher que Apanhava Lixo, é o seu primeiro livro, e muitos outros surgirão. Pensa continuar neste registo ou poderemos continuar com um livro assinado pela Tânia num outro género?
De momento, não consigo dar uma resposta a esta pergunta. Tal como este livro surgiu sem grandes planos, não sei o que o futuro me reserva. Vamos aguardar.
Sinopse:
Quantas vezes já passou por uma garrafa de plástico na rua e nada fez? “Alguém a há-de apanhar”, pensou. Mas se toda a gente pensar assim, essa garrafa de plástico, mais tarde ou mais cedo, pelas forças do vento e da chuva, há-de ir parar a uma ribeira que confluirá com um rio que a levará ao mar. A poluição marítima é uma realidade e os seus efeitos, no ambiente, nos animais e no organismo humano, começam agora a ser amplamente conhecidos. Tratar este problema global está nas nossas mãos.
“A Mulher Que Apanhava Lixo” é uma história inspiradora que nos faz refletir sobre os pequenos gestos no dia-a-dia que podem fazer a diferença, tornando o nosso mundo mais limpo e a nossa vida com mais sentido.
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