No Área Oeste de Abril, fala-se de Bee Dynamic Books!
A edição deste mês de Abril do Área Oeste dá destaque à BeeDyamicBooks.
Ana Cristina Pinto, a mentora do projecto explica ao jornal quais
são os objectivos da Agência Literária. Colocamos aqui na íntegra o conteúdo desta entrevista.
AO- E é aqui que entra a Bee…
ACP- Sim. É aqui que entra a Bee. A ideia começou a surgir depois de eu própria ter publicado o meu primeiro livro com uma editora pequena sem capacidade de distribuição. Tive a vantagem de não ter pago rigorosamente nada pela edição, mas antes disso já tinha vivido uma experiência muito má com outra editora em que foi preciso pagar. Seja como for, uma e outra, à semelhança de todas as pequenas editoras são extremamente fracas na divulgação dos seus livros e autores. Acho que cabe aos autores que não querem brincar aos autores, reverterem esta situação. Como? Criando mecanismos que lhes permitam chegar ao grande público e mais importante ainda, apoiando aqueles que vão surgindo. Acredito muito no potencial deste projecto e confio plenamente nos benefícios que daqui advirão para os autores. É todo um mundo novo e cheio de possibilidades que podemos explorar. E podemos já enumerar algumas: redes sociais, comunicação social, escolas, bibliotecas, eventos vários desde feiras do livro a tertúlias, cafés literários…eventos temáticos…enfim. Haja criatividade e vontade e claro hajam autores para nos darem muito trabalho.#
Agradecemos à jornalista Piedade Simões.
* Nas sugestões literárias duas obras de autores da Bee: A Orquestra da Formiga Barriguda de António Vilhena e Antologia do Presente, Passado e Futuro de Alexandre Nunes.
Ana Cristina Pinto, a mentora do projecto explica ao jornal quais
são os objectivos da Agência Literária. Colocamos aqui na íntegra o conteúdo desta entrevista.
Ana Cristina Pinto foi
jornalista, é autora, e desde Junho a esta parte é também a criadora e
responsável pela BeeDynamicBooks. Rafael Borges é estudante no último ano de
Ciência Politica e Relações Internacionais e detentor de uma enormíssima paixão
pelo mundo literário. Ana Sofia Borges vive no Porto e colabora diariamente com
a Bee desde a Invicta, mantendo um contacto estreito com todos os espaços
possíveis onde seja possível receber autores no Norte do País. Antes da Bee,
Ana Sofia ligava-se aos livros através do seu trabalho enquanto editora na Quidnovi
(entretanto extinta). Marta Susana Trincadeiro e Renato Cosme são os criativos
de serviço e dedicam-se à elaboração de booktrailers, colaboram sempre que lhes
é possível na gestão das redes sociais e blogs, pois não estão na Bee a tempo
inteiro. A Marta está ainda disponível para traduzir livros do português para o
alemão.
É caso para perguntar à Ana
Cristina Pinto, fundadora do projecto, como é que lhe ocorreu a ideia de criar
este conceito.
Ana Cristina Pinto- Face à grande
selva em que se transformou o mercado editorial e tendo em conta que sem
divulgação muitos dos bons autores que começam a dar os primeiros passos
ficarão perdidos para sempre no meio de milhares de autores que vão surgindo
todos os anos ,(e isso levará muitos deles a desistir),um grupo de algumas
pessoas, jornalistas, autores e editores, resolveram pôr mãos à obra e criar
este conceito de Agência Literária para a Comunicação e Divulgação de autores. Trabalhamos diariamente para fazer chegar os
nossos autores mais longe. Estamos em
permanente contacto com escolas, bibliotecas, livrarias, feiras do livro de
norte a sul do país, sempre tentando colocar lá os nossos autores e a verdade
seja dita: Não é fácil! Um nome desconhecido não desperta a mesma atenção e
interesse das pessoas e se há bibliotecas, escolas e afins muito receptivas à
ideia de dar espaço aos novos autores, outras há que se fecham e em muitos
casos só dão o benefício da dúvida quando há uma agência por trás a promover o
autor.
AO-Isso quer dizer que na maioria
dos casos,autopromoção não funciona?
ACP- Autopromoção, para além de
ocupar muito tempo a quem escreve livros é muito pobre em resultados. Ninguém
gosta de quem pede para si próprio. E a ideia de um autor que se faz convidado
para estar aqui e ali é do mais pobre que pode haver. Ele até poderá conseguir
estar, mas não será levado a sério. Não, enquanto o seu nome não for
reconhecido.
AO-Cada vez mais se caminha para o
mundo dos ebooks. As plataformas digitais apareceram para ficar e num futuro
próximo substituirão as livrarias. Ainda assim é importante que o autor se
apresente aos leitores?
ACP- Acho que isso é precisamente
o que nunca vai mudar. Podem mudar imensos parâmetros no mercado literário,
podem falir livrarias, distribuidoras, editoras, (precisamente devido ao
acréscimo de vendas nas plataformas digitais isso tenderá a acontecer com mais
frequência no futuro), podem mudar toda a logística da distribuição, mas nunca
mudará a necessidade de se criar empatia entre o autor e o seu público. E se
tivermos em conta o aumento exponencial de autores que facilmente publicarão
através dessas plataformas digitais, então a necessidade de criar públicos fiéis
aumenta drasticamente. Mesmo que o autor não leve para uma apresentação, 10 ou
20 exemplares físicos, o futuro passará, não duvido, por se levar um tablet
debaixo do braço e permitir aos leitores presentes que façam as suas encomendas
logo ali no momento.
AO-Contudo, este projecto é pago
pelos autores. Face ao fraco retorno nas vendas quando o nome do autor ainda
não é conhecido, em que medida é que o autor poderá ver esta possibilidade do
agenciamento como algo compensador?
ACP-Quando discutimos os valores
a serem pagos, tivemos demasiados factores em conta. E assumimos todos os
riscos que daí advieram. Por um lado, sabemos que o país está em crise, que há
muito desemprego e que as pessoas não têm poder de compra. Logo, também não
compram tantos livros, mesmo que de autores já consagrados. Isso repercute-se,
obviamente, também no cotidiano dos autores que precisamente por serem
desconhecidos do grande público ainda não vivem de royalties, têm os seus
empregos, alguns também não têm emprego e começa aqui o grande novelo quanto ao
que podemos ou não cobrar aos autores. É por isso que dizemos que assumimos
todos os riscos. Nomeadamente o risco de termos optado por cobrar valores muito
baixos e por isso não sermos levados a sério. Há sempre aquela ideia associada
ao barato “ se é barato não pode ser bom”. E efectivamente reconhecemos que
seria melhor para todos nós na Bee se os valores que entram fossem mais
elevados, mas também não é menos verdade que já tivemos imensos autores que nos
contactaram para serem agenciados e depois de expostas as condições recuaram.
Ou seja, temos muitos autores na expectativa de que o trabalho diário de pelo
menos 3 pessoas seja feito de graça. E isso como é óbvio, até para a
sustentabilidade do projecto, não pode acontecer. Por isso, acho que cada vez
mais o autor que ainda não é conhecido, ou que já tem vários livros publicados,
mas que não sente apoio da sua casa editorial no que toca à divulgação, deve
encarar este trabalho de divulgação como uma sementeira para o futuro. Quanto
maior for o publico que o conhece, maiores serão as vendas, e consequentemente
maiores as hipóteses de ter um lugar só seu no mundo da literatura.
AO-A falta de divulgação das suas
editoras é o motivo principal que leva os autores a precisarem da Bee Dynamic
Books?
ACP- É o principal mas não é o
único. As editoras não lutam apenas com falta de meios para a divulgação. Elas
não têm também meios para a distribuição. Por isso cada vez mais,tem que ser o
autor a vender os seus próprios livros. A verdade é que cada vez mais as editoras
estão focadas na edição. E aqui temos editoras divididas em dois grupos: As
grandes, que aparecem em todas as livrarias, muitas com distribuição própria
como são o caso da Bertrand ou Porto Editora que detém os activos da Bertrand,
e as pequenas que apareceram exactamente para dar resposta ao número
elevadíssimo de autores novos. Essas, como é óbvio, não querem saber se um
livro vende ou não vende ou se o autor fará uma carreira auspiciosa ou não. As
pequenas editoras, como bem sabemos, actuam na sua maioria enquanto vanities e cobram ao autor um número razoável de
exemplares. À excepção do lançamento em que a editora ainda dá uma pequena
ajuda na divulgação, depois disso o autor fica por sua conta e risco. E é aqui
que começam as dificuldades, porque ele vai sentir-se completamente perdido e
desamparado e tem um caixote de livros parados lá em casa. E agora? Como é que
eu faço para recuperar algum do dinheiro investido? E mais importante ainda:
Como é que eu faço para não deixar morrer o meu sonho de me tornar escritor?
ACP- Sim. É aqui que entra a Bee. A ideia começou a surgir depois de eu própria ter publicado o meu primeiro livro com uma editora pequena sem capacidade de distribuição. Tive a vantagem de não ter pago rigorosamente nada pela edição, mas antes disso já tinha vivido uma experiência muito má com outra editora em que foi preciso pagar. Seja como for, uma e outra, à semelhança de todas as pequenas editoras são extremamente fracas na divulgação dos seus livros e autores. Acho que cabe aos autores que não querem brincar aos autores, reverterem esta situação. Como? Criando mecanismos que lhes permitam chegar ao grande público e mais importante ainda, apoiando aqueles que vão surgindo. Acredito muito no potencial deste projecto e confio plenamente nos benefícios que daqui advirão para os autores. É todo um mundo novo e cheio de possibilidades que podemos explorar. E podemos já enumerar algumas: redes sociais, comunicação social, escolas, bibliotecas, eventos vários desde feiras do livro a tertúlias, cafés literários…eventos temáticos…enfim. Haja criatividade e vontade e claro hajam autores para nos darem muito trabalho.#
Agradecemos à jornalista Piedade Simões.
* Nas sugestões literárias duas obras de autores da Bee: A Orquestra da Formiga Barriguda de António Vilhena e Antologia do Presente, Passado e Futuro de Alexandre Nunes.
Comentários
Enviar um comentário